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A morte súbita pode ser evitável e isso também está nas nossas mãos

Em Portugal, em média, cerca de 10 mil pessoas sofrem de morte súbita cardíaca todos os anos. Mais vezes do que imaginamos, a possibilidade de salvar uma vida em risco de morte súbita pode estar nas nossas mãos. Fomos perceber como com a ajuda de Mário Oliveira e Miguel Mendes, ambos médicos cardiologistas.

O que é a morte súbita cardíaca?

A morte súbita é a morte que ocorre de forma inesperada no espaço de uma hora, ou até uma hora depois de se iniciarem os sintomas.

Quais são os fatores de risco associados aos episódios de morte súbita?

Distinguem-se 3 grandes fatores de risco que determinam a grande maioria dos episódios de morte súbita, nomeadamente:

  • Sobreviventes de enfarte – que ficam com uma cicatriz no coração e essa cicatriz pode originar arritmias malignas (culminando em morte);
  • Pessoas com insuficiência cardíaca – que pode resultar quer de doença primária do músculo cardíaco, quer secundariamente a doença das válvulas ou das artérias coronárias. Independentemente da causa que motivou a insuficiência cardíaca, esta pode provocar o aparecimento de arritmias malignas e assim levar à morte súbita;
  • Doenças Cardíacas Hereditárias e/ou Elétricas – Doenças hereditárias do músculo cardíaco como a Miocardiopatia Hipertrófica  ou  doenças elétricas do coração como o Síndrome de Brugada, são alguns exemplos.

Em alguns tipos de doenças que podem provocar a morte súbita, o coração é estruturalmente normal, ou seja não há doença das válvulas nem do músculo cardíaco, como por exemplo no Síndrome de Brugada, tornando muito difícil o diagnóstico prévio ao episódio de morte súbita.

Que medicinas de prevenção podemos destacar?

A medicina tenta identificar as pessoas com maior probabilidade de sofrer um ataque de Morte Súbita. Uma vez identificado um individuo com alto risco de morte súbita, deverá ser  implantado um Cardioversor Desfibrilhador Interno (CDI). Este aparelho actua monitorizando o coração e, caso ocorra uma arritmia maligna, o aparelho estimula o coração, parando a arritmia.

Nos casos em que o doente não possui antecedentes cardiovasculares, mas tem critérios de risco para implantar um CDI, diz-se estar perante um caso de prevenção primária. Quando o doente já sobreviveu a um evento cardiovascular arrítmico identificamos o caso como prevenção secundária.

O que podemos fazer para diminuir o número de mortes súbitas em Portugal?

A Sociedade Portuguesa de Cardiologia tem quatro eixos de atuação que garante que irão ser apresentados à tutela e que passam pela sensibilização para a alteração de algumas conjunturas que podem ser determinantes para a redução do número de mortes súbitas em Portugal:

  • No sistema de ensino deveria ser ensinado Suporte Básico de Vida e noções básicas de saúde cardiovascular por forma a garantir a educação das crianças e jovens, desce cedo, nesta matéria;
  • A sociedade civil deverá estar mais alerta para o que pode significar para o cidadão comum ter Formação em Suporte Básico de Vida , procurando formação em SBV, podendo assim contribuir para que cada individuo esteja apto a salvar uma vida;
  • A legislação e segurança inerente às provas de desporto deverá ser revista: A SPC defende que em todas as provas desportivas os atletas amadores recorram aos serviços médicos para avaliação cardiovascular. Além disso, consideramos que as organizações desse tipo de provas deveriam ser obrigadas a possuir meios de ressuscitação com DAE (desfibrilhador automático externo) local;
  • Deverá ser assegurada a existência de “sistemas de reanimação de emergência organizada”, em locais onde se verifiquem aglomerados de pessoas, como é o caso dos centros comerciais, estádios desportivos, locais destinados a eventos públicos, e mesmo naqueles onde a prática do esforço físico é verificada (como é o exemplo dos ginásios).

O que é o Suporte Básico de Vida?

É um conjunto de manobras, com compressões torácicas (massagem cardíaca) e ventilações, que permite a manutenção da vida no indivíduo em paragem cardíaca, até à chegada dos socorristas.

O que significa, no contexto da Morte Súbita, ter uma formação em Suporte Básico de Vida?

Uma pessoa com formação em Suporte Básico de Vida pode sempre intervir rapidamente e ganhar minutos que podem ser essenciais para a vida, até que meios de socorro mais avançados cheguem.

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